Já pensou em fazer mestrado na Nova Zelândia?

G’day, people!

*Este post não constitui conselho em imigração. É um post pra compartilhar a experiência de alguém que saiu do Brasil e foi morar na Nova Zelândia. Caso você queira conselho de um profissional, preencha o formulário ao final do post. E este post só foi possível pela colaboração de uma grande amiga que cedeu o tempo livre dela para compartilhar a experiência dela com vocês. As informações presentes são verdadeiras em sua data de publicação.

**Por motivos de privacidade, a entrevistada me pediu para usarmos um pseudônimo

A ideia aqui é mostrar como pessoas diferentes possuem visões diferentes e reagem diferentemente aos desafios de se morar longe de casa. Muitas vezes, o que mostramos no Instagram e noutras redes sociais é a parte boa e tendemos a “deixar pra lá” os perrengues – grandes ou pequenos. Problemas com imigração, dias, semanas ou até meses de espera pelo visto. Choque de cultura com relação à limpeza de casa, comida, produtos nas prateleiras dos mercados. Entre muitas outras coisas.

Certo, mas como que o inglês entra nessa, teacher? Bem, sendo inglês a língua internacional dos business e do mundo acadêmico, tenho pra mim que seja indispensável saber, ao menos, se comunicar em inglês pra não passar dificuldades fora da nossa zona de conforto e de língua portuguesa! =)

No post de hoje, temos o relato de Joana**, que vive na Nova Zelândia desde 2019. Ela veio com o marido, ambos com seus 20 e poucos anos na época e entraram no país com um visto bem difícil de conseguir – Working Holiday Visa. Joana veio do mundo acadêmico e está no processo de finalizar mais um mestrado – o primeiro no Brasil e o segundo na Nova Zelândia.

Deixo aqui, então, o relato na íntegra mais algumas considerações que eu fiz para ajudar a entender um pouco mais sobre o processo da entrevistada. Boa leitura!

Por que Nova Zelândia?

Eu sempre quis morar fora do Brasil, e considerava muitas possibilidades, mas nunca tinha pensado na NZ. Essa vontade surgiu quando ficamos sabendo sobre o Working Holiday Visa, um visto que não tem muitos pré-requisitos, e os principais fatores que influenciam para conseguir ele é algum dinheiro guardado (muito menos do que outros vistos exigem) e sorte¹. A partir disso, começamos a estudar o visto e sobre a vida na NZ, e o interesse aumentou cada vez mais.

sorte¹ – Para cada país, existe um número determinado de vagas que o Governo da NZ permite para esse visto. No momento em que esse post foi ao ar, 300 vagas para o Brasil.

Quando se mudaram?

Me mudei pra NZ no dia 13 de abril de 2019. Fiquei sabendo do visto (Working Holiday Visa) aproximadamente um ano antes, apliquei em agosto de 2018, o visto foi aprovado em setembro. Então nos organizamos para vir pra NZ em abril. Na época eu fazia mestrado no Brasil, e conclui as pressas para vir.

Quais os maiores desafios na época?

O primeiro grande desafio foi aplicar para o visto, pois é um visto com poucas vagas e difícil de conseguir. Depois que conseguimos o visto, a minha maior dificuldade foi me despedir da família e amigos.

A língua era um problema? Como você achava que seu nível de inglês estava?

Meu nível de inglês não era ruim, mas também não era bom (risos). Eu já tinha feito intercambio para a Inglaterra antes, e conseguia me comunicar em inglês. Entretanto, sempre tive dificuldade em inglês, nunca foi muito fácil para mim (acho que ainda hoje não é), mas estou sempre aprendendo e melhorando. O Working Holiday Visa não exigia inglês, e no meu primeiro ano aqui estudei bastante para fazer o IELTS² para aplicar para o visto de estudante de mestrado futuramente.

IELTS²International English Language Test System – Um dos testes de nível de inglês mais aceitos no mundo. Famoso e temido =)

A trajetória até conseguir chegar à reta final do mestrado, foi cheia de altos e baixos? Conseguiria fazer uma comparação com o estilo acadêmico no Brasil?

A experiência que tive de mestrado aqui foi muito diferente do Brasil. Primeiro eu fiz 1 ano e meio de pós-graduação (level 8), e agora estou nos 6 meses de mestrado de fato (level 9). A cada termo³ eu tinha duas disciplinas, com 4 horas semanais de aula cada, e mais ou menos duas entregas por disciplina (de relatórios longos), a maior parte dos estudos era individual, e as aulas era mais para tirar dúvidas e discussões. Nos seis meses finais de mestrado, estou fazendo meu projeto de conclusão (um TCC), e mais duas disciplinas. No geral acho o mestrado aqui mais simples do que no Brasil, apesar de ser uma comparação difícil. Minha principal dificuldade do mestrado aqui e que eu escolhi uma área muito diferente da que sou formada no Brasil, então tudo que estudei é totalmente novo para mim. No Brasil sou formada em Biologia e estava seguindo carreira acadêmica, aqui na NZ estou fazendo mestrado em Business (Applied management).

termo³ – Na NZ, as épocas escolares/acadêmicas são divididas em terms de 8 a 10 semanas, seguidos de 2 semanas de férias. Basicamente um bimestre, onde devemos concluir papers (matérias) e fazer assignments (trabalhos/apresentações)

Como foi a primeira semana ou primeiro mês trabalhando na NZ?

Foi muito desafiador. Uma semana depois que cheguei na NZ, cheia de energia e disposição, o meu primeiro trabalho foi como cleaner de construção. Um ritmo de vida e trabalho totalmente diferente do que estava acostumada, que exigia muito mais fisicamente. Mas foi bom para descansar a cabeça, que estava muito cansada da vida acadêmica. A rotina de um cleaner de construção começa bem cedo, geralmente as 7h ou 7:30h. A gente precisava limpar um determinado número de apartamentos/casas recém-construídos. Aspirar, tirar o pó, limpar as janelas (que normalmente eram muitas), e as vezes precisávamos tirar tintas ou manchas, que era o mais difícil e demorava muito tempo. Como a gente tinha uma meta a cumprir, geralmente precisávamos ser o mais rápido possível. O trabalho geralmente ia até 16:30h, 17h, com dois intervalos de 30 minutos cada.

E como foi quando começou a atuar em uma área mais relacionada com o Mestrado? Quais foram os desafios encontrados?

Ainda não tive a oportunidade de trabalhar na área que estou estudando aqui, um dos maiores desafios é encontrar esse tipo de trabalho para meio período, que é o que o visto de estudante permite. Mas posso falar um pouco dos desafios profissionais que venho enfrentando. No Brasil fazia carreira acadêmica em Biologia, e desde o início da faculdade minha experiência era em pesquisa e laboratório, fiz iniciação cientifica e mestrado. Desde que cheguei na NZ, tenho feito de tudo um pouco: cleaner, fazenda, construção, hospitality4, etc. Agora estou perto de concluir o mestrado em Business, mas minhas experiências não se conectam entre sim. Depois que concluir o mestrado, vou ter que começar de novo um outro caminho profissional.

Hospitality4 – como é chamada a indústria de bares, restaurantes e hotéis na NZ. São trabalhos que, geralmente, não exigem experiência prévia e se aprende MUITO com a mão na massa (hands-on)

Há quanto tempo você atuou na sua área de formação antes de sair do Brasil? Pretende tentar carreira na área de pesquisa na NZ?

Depois de formada, apenas um ano. Antes disso, como falei, fiz iniciação cientifica e minha experiência desde o início da faculdade foi com pesquisa e laboratório. Não pretendo tentar a carreira de pesquisa na NZ, não era uma área que eu estava feliz, por isso na NZ quero mudar totalmente para tentar me encontrar profissionalmente.

O que mudou do início até agora? Os planos ainda são os mesmos?

Desde o início os planos são muito parecidos: ficar na NZ. Seguimos no nosso caminho para conseguir esse objetivo de não voltar a morar no Brasil. O que mudou é que agora os caminhos são mais claros.

Quais outras impressões que esse processo deixou em vocês e que vocês acham relevantes pra compartilhar com outras pessoas?

Esse processo tem valido muito a pena para mim, porque é um sonho que estou realizando. Mas, recomeçar a vida em outro país tem muitas dificuldades envolvidas. A ausência de todos que eu estava acostumada, estar ausente na vida das pessoas, a saudade da família e amigos, e as dificuldades de um idioma diferente, recomeçar a vida profissional, e se acostumar a um novo lugar. Por outro lado, eu não estava realizada com minhas escolhas profissionais do Brasil, e mudar para a NZ me obrigou a repensar isso e mudar o caminho.

Rapeize, quantas mudanças! Confesso que me sinto representado pelas palavras da entrevistada. Mesmo não vindo sozinhos, ainda sentimos muita falta do que deixamos pra trás. Mas ajuda MUITO ter alguém ao nosso lado nos momentos mais difíceis. Ter o apoio de alguém próximo para as escolhas que fazemos é fundamental também para uma jornada mais tranquila, principalmente quando estamos mudando de carreira.

É importante, também, saber que existem outras opções que não sejam somente “estudar inglês fora do Brasil”. Às vezes, vale mais a pena buscar um curso um pouco mais avançado, mas em sua área de atuação, pra dar aquela “guinada” no inglês e no currículo!

Vale destacar a importância de se planejar, saber qual caminho seguir, quais cursos geram melhores oportunidades de permanência em determinado país e estar pronto (ser resiliente) para quaisquer mudanças que possam surgir nas leis de imigração.

Alguns pontos importantes sobre o WHV (Working Holiday Visa) da Nova Zelândia:

  • Tempo de permanência no país – 12 meses
  • Idade – entre 18 e 30 anos

Quero agradecer, mais uma vez, a disponibilidade da autora do texto por compartilhar conosco essa aventura que se chama “imigrar”!

Caso queira falar com profissionais qualificados sobre o processo de imigração, complete o formulário abaixo e eu vou “dar os meus pulos” pra encontrar o profissional mais indicado pra você.

Espero que tenha gostado da leitura de hoje e não se esqueçam de se inscreverem no blog para não perder os próximos posts. Deixe seu comentário e compartilhe com os amigos nosso conteúdo. É de graça! =)

See you next time
Cheers!
Teacher Rod

2 Comments on “Já pensou em fazer mestrado na Nova Zelândia?”

  1. Adorei o post!!

    É interessante como as histórias se assemelham e como é desafiador pra quem opta morar no exterior.
    Tenho planos também de ingressar numa pós-graduação aqui na NZ e apreensiva pelo IELTS, mas acredito que vale a pena todo o empenho, visto que você pode entrar no mercado daqui e também ampliar o vocabulário específico da área.

    Obrigada teacher por todos os posts que você faz, sempre muito interessantes.

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    • Obrigado pelo carinho, Barbara!!!
      Você está convidada a contar sua história também. Mas só se quiser =)
      Fico feliz que os posts dessa série estão atingindo as pessoas dessa forma.
      Sim, os caminhos são similares e, sim, TODOS passamos altos perrengues que não estavam nos planos,
      Mas faz parte e sairemos mais fortes depois =)

      Um abração =)

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